sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Acabou



Eu realmente deveria parar de me torturar, de te deixar me afetar. Eu deveria parar de procurar a tua voz, ler o que costumavas me escrever, dizer e fazer. Eu deveria jogar todas estas coisas tuas, que me lembrem de você fora. Mas, hoje já é impossível. Hoje, é hoje, amor. É nosso trágico dia, nosso trágico fim
Estou aqui, tentando apagar a ideia de que você possa lembrar que dia é hoje, tentando viver como se houvesse vida sem você nela. Chega a ser cômico, apesar de ser trágico, mas até mesmo o dia parece saber que o sol não deve brilhar, e o frio deve assolar a cidade. Até mesmo os pássaros se calaram e as flores não desabrocharam. Mas que merda de dia, que música inconveniente para tocar agora!
- Preciso falar contigo, preciso de ti, mas não se pode ter tudo.
- Ei, estraga prazeres, é hoje.
- Vais lembrar só hoje? Por que não mês passado, nem no outro?
- Porque nem tudo é do jeito que quer.
- Mas que droga, eu te amo!
- Eu também, mas acabou, chata.
- Não, não diz iss…
- Acabou, faz meses, querida.
- Não me insulte.
- Por que o faria? Acabou, não preciso disto.
- Não fala que acabou, mas que merda!
- Acabou, por mais que você ainda me ames, e eu te ame, acabou. Não temos solução, nem mesmo problema. Só não fomos feita para isto, para o amor.
- É medo, eu sei. Te conheço.
- Não, não é. Eu só encarei os fatos, por isto não liguei antes.
- Não chame de encarar os fatos, se tivesse, teria pensado no quanto já sofri em ficar sem ti!
- Você fala como se eu não sofresse, não sentisse. Você fala como se eu fosse a culpada.
- Bom, eu fui a culpada. Eu não fui suficiente.
- Você foi, você é, e eu só quero a ti, mas estraga prazeres. Não dá. Por que a gente não pode tentar?
- A gente não pode porque vai doer mais, vai dar assunto a quem tá se calando. Você quer se machucar mais?
- Eu te quero e se para isso eu tiver que sair machucada, eu não me importo!
- Olha o que tu tá dizendo! Olha a loucura! Isso é masoquismo, amor. Está doente?
- Sim.
- Não ouse dizer.
- De amor, por ti.
- Você tá mais parecendo uma novela mexicana do que uma pessoa! Te escuta falar.
- Eu escuto, mas agora eu.
(silêncio)
- Desculpa, meu anjo, acabou. É a última vez que escuta de mim que te amo e que sempre amarei. É a última vez que eu lhe dirijo a palavra ou lhe incomodo. É a última, acabou mesmo. 
- Mas da última vez nós dissemos isto e…
- Foi um erro, nós não deveríamos ter dado mais um chance. Acabou sendo a mesma história, o mesmo fim estúpido e idiota. Não podemos ficar juntas.
- Mas eu não posso ficar longe de ti. Eu preciso de ti tanto quanto precisas de mim, mas…
- Acabou…
- É.
(silêncio)
- Pequena, não chora.
(choro baixo)
- Desculpa, eu preciso desligar. Feliz aniversário para o nosso fim.  Te cuida, pequena.
A linha ficara muda, mas eu não havia desligado. As palavras escoavam por minha mente. É, acabou. Acabou do pior jeito que poderia, Nem amigas, nem casal, só duas pessoas que se amaram, mas se perderam em algum lugar. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário