sábado, 5 de novembro de 2011

A dor.

Eu sei que é difícil. Eu sei que dói e que vai doer mais a cada dia que se passar, eu sei que respirar sabendo que ela não é mais sua, vai doer. Sei que ouvir o nome dela, e saber que o nós virou passado vai doer. Eu sei que a vontade de ler tudo de novo, a vontade de ver fotos, conversas, momentos, vai ser maior. Eu sei que a vontade de cortar os pulsos vai ser tentadora, porque suportar uma dor externa vai parecer mais fácil que suportar a dor interna. A dor que a partida dela lhe causou. Sei que deixar tudo de lado para se focar apenas na sua dor, vai ser uma das suas escolhas mais prazerosas, e sensatas. Mas não vale a pena. Chore tudo que você tiver que chorar. Lembre de tudo que você tiver que lembrar. Tire um dia só para falar dela. Embriague-se dela, tenha uma overdose dela, repita o nome dela dentro da sua cabeça mil e uma vezes. Pense nela antes de dormir, e refaça os seus diálogos. E então, no dia seguinta, acorde para uma vida nova. Deixe ela, e tudo do dia passado, ali, no passado. Não cometa o mesmo erro que eu, não faça isso pouco a pouco. Não deixe essa dor se arrastar, não deixe isso se transformar em uma semana, em um mês, em um ano. Não prolongue o que não existe, não faça com que o tempo da sua dor seja maior que o amor de vocês. Entende? Não é fácil, é insuportável. É como carregar um peso de cem quilos nas costas. Mas por favor, não cometa o mesmo erro que eu. Não diga que tudo está bem quando tudo está uma grande merda. Não diga que não sofre, quando sofrimento é a única coisa que preenche o vazio que ela deixou. Não sorria fingindo uma alegria que não exista. Sofra. Sofra até que esse sofrimento te faça cair, até que esse sofrimento te corroa por completo, e pronto, chega. Não deixe que isso se torne seu ar, não deixe que seu coração bata em função disso, e nem que seus pensamentos vaguem em função disso. Passou. Daqui um ano você vai olhar pra trás e vai pensar: Caralho, como eu sofri. Como eu chorei até meus pulmões implorarem por ar. Como eu me machuquei até sentir todo meu corpo adormecido, até não sentir nada, e ainda assim, sentir você. Como eu gritei, e em resposta só obtive o silêncio. Mas então, foda-se. Foda-se mesmo. Não vire uma masoquista, por favor. Não se engane, não negue, não esconda, mas quando a dor sumir, e você tiver que levantar, não escolha continuar no chão apenas para continuar com a sensação de ainda ter. Porque não, a dor não te deixa mais próximo dela. A dor não é capaz de fazer seu coração saltitar, como ela fazia. A dor não tem o cheiro intoxicante de tabaco. A dor não te acolhe em seus braços em noites de tormenta. A dor não te ama, como um dia ela jurou te amar. A única coisa que a dor faz, é te acompanhar durantes todos os dias. Para sempre. Coisa que ela não foi capaz de fazer. Ela se foi e você, mesmo sem querer, aprendeu a viver sem ela. Agora, você precisa aprender a viver sem ela a dor. Você precisa fazer apenas uma coisa: Viva... Sem ela e sem dor.

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