sábado, 18 de junho de 2011

Mesmo sangue.

Se eu fosse mais carinhosa com você, o que eu queria ser eu te diria que nunca senti tanto orgulho de você, que nunca imaginei que você chegaria um dia a ser assim comigo, eu nunca imaginei que você ia parar de me olhar com asco por causa das minhas roupas, que ia tentar me aconselhar quando me visse triste por alguma garota, que ia me abraçar no meio da rua e dizer que eu sou muito nova pra sofrer, nunca imaginei que você ia dizer que gosta do meu cabelo assim, que se acostumou com  minhas tatuagem,fumar, beber, amigos, festas e que "se alguém me bater, você vai bater com a policia e um pedaço de pau na porta da pessoa" Em 30 anos não existem relatos de você defendendo alguém,  então a primeira vez que você conseguiu me emocionar. Se eu fosse menos envergonhada eu te diria que eu deveria ter te abraçado quando você me disse pra trazer a garota que eu amo pra dentro da nossa casa, que você cuidaria dela, e de mim. Você, uma mulher de 37 anos, cristã praticante, que sempre morreu de medo do que os ''outros iam falar'', que a três anos atras me disse que preferia eu morta, do que eu dizendo que amava outra mulher, que a três anos atrás chorou como uma criança na minha frente quando eu disse que era inevitavel, eu me casaria com uma mulher, você um dia desses me viu chorando como criança e disse a coisa mais bonita que poderia ter dito, claro não dava pra fazermos isso, mas o fato de você querer isso, foi a maior prova de que você é capaz de me amar mais, muito mais do que é capaz de sentir algum preconceito. Eu deveria te dizer que você tem me resgatado nos ultimos meses, que eu não consigo mais passar por cima do que você pensa, que eu não te deixaria sozinha de volta, que você foi magnifica mudando tanto comigo, que poucas pessoas são assim como você que eu me sinto mais feliz sabendo que você vai me proteger, que você vai acabar me confortando com alguma das suas frases ingenuas quando eu estiver triste demais. Você parece que fica mais baixa a cada ano que passa, acho que você mede um metro e quarenta as vezes, os anos passaram, e eu as vezes me assusto quando sai da minha boca que você já tem 37 anos, me assusto mais ainda quando vejo que você não é tão forte quanto quando eu era pequena, as
vezes fico com medo de pensar que você vai envelhecer, que um dia vai sumir da minha vida de maneira irreversivel, que cedo ou tarde não vai mais ser a pessoa mais forte da casa que consegue levantar qualquer coisa pesada, consertar qualquer coisa, e ter o braço mais forte que eu já vi em uma mulher, você é a mulher mais forte que eu conheço, e quando o tempo passar, quando você não conseguir mais arrastar todos os moveis e não puder mais cuidar de tudo, e dos seus nenens de 18 anos que ainda vivem na sua casa, e dependem de você como criança, eu cuido de você, eu fico do seu lado, e eu prometo, que um dia nos vamos todos crescer, e ser pelo menos metade do que você é.
Esse ano foi a primeira vez que eu te dei um presente no seu dia, e eu me senti muito bem com isso, mesmo tendo vergonha de te entregar pessoalmente. Depois de passar meses com um amigo me dizendo todo dia que você era maravilhosa, e que eu deveria te dar valor, eu resolvi deixar você me abraçar de verdade sem reclamar, e você chorou. Eu passei metade da minha infância traumatizada com a sua falta de carinho, e com os malditos gritos que você soltava quando alguém queria te abraçar. Antes tarde do que nunca. Mas pensando bem, ainda é cedo. Eu ainda posso dizer que eu te amo? Eu ainda posso dizer que eu sinto orgulho de te chamar de mãe? Eu ainda posso dizer que você é o meu porto seguro, e que sem você hoje eu não seria grande coisa, ou não seria nada. Eu precisei crescer pra aprender a te amar como você merece, você precisou envelhecer pra demonstrar. Graças a Deus o tempo passou.

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