terça-feira, 1 de maio de 2012

O tempo

Eu fico feliz sem nenhum motivo aparente, e claro, as vezes fico triste pelo mesmo fato. Mas bem menos, bem menos. Eu estou sozinha, no melhor sentido da palavra, isso não tem nada a ver com a liberdade que todos gostam, tem a ver com estar se sentindo bem estando na condição humana mais comum e desesperadora de todas. Digamos assim, sem drama a solidão, eu não gosto dessa palavra, mas acho que me cai bem. Uma casa vazia me cai bem, ficar sozinha me cai bem, a companhia do meus cigarros e das minhas musicas e o celular sem bateria me fazem bem, silencio me faz bem, não que na presença das pessoas eu entre em reclusão, a gente sabe, não é assim, e dificilmente será um dia, eu sei separar as coisas, mas quando eu passo pra fora, eu ja posso me voltar totalmente pra dentro de mim, e isso não doí nada. Não ter ninguém esperando não doí nada, e eu sempre preferi a minha casa mesmo. Não ter que esperar por ninguém dói bem menos. Não ter que brigar dói bem menos, e ter amigos dói muito menos, muito e ter essas formas de amizade mudam tudo. Era bom ter 14, era muito bom ter 16, e eu estou quase começando a gostar de ter responsabilidade, de estar no comando, e dessa coisa de ficar sozinha, eu não lembrava mais o que era isso estar vazia de dores, desamores, paixões, e felicidades instantâneas, sentimentos que não me dopam são mais agradáveis, e eu não sabia disso desde os 13. É que com 13 a gente não sabe nada, e com 18 também não, só um pouco mais, e de tantos dessabores, desamores, "platonices" da adolescência, e felicidades absurdas seguidas de fossas vergonhosas, eu acho que eu gosto mesmo é de ter preocupações mais sérias, e não estar deixando nada, nem sendo deixada a cada instante. É claro, hora ou outra eu sinto falta do sentimento humano de estar flutuando, e até do de estar despencando e não pense que eu sou uma dessas pessoas que pensa que sofreu demais na vida, e por isso julga que vai ficar sozinha pra sempre, eu não sofri demais, e não vou ficar sozinha pra sempre, ninguém vai, isso não tem nada a ver com sofrer, talvez tenha a ver com falta de tempo, ou essa seja mesmo a minha melhor desculpa, talvez tenha a ver com sentir demais, e
talvez tenha a ver com estar feliz assim, e achar isso o máximo. Talvez o medo de crescer envelhecer esteja passando, talvez isso seja bom. E se não for, tudo bem, tudo que for triste, tem que ter sido feliz um dia, pra depois ser feliz mais uma vez, e triste mais uma vez, a diferença é que agora eu sei disso. Eu não estou presa a nenhuma condição, saber disso muda tudo.

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